segunda-feira, 27 de abril de 2020

Tristeza



Moça sóbria, presente, cantarolar baixo e ressonante
Deseja ser aprendiz, de tudo que a vida apresenta, ouvinte
Boa escuta, olhos atentos, postura expectante
Sabe tanto que, mesmo disposta, quando apresenta-se a decepção seguinte
A tristeza esboça um sorriso condescendente, quase flerta com sua irmã
Alegria, ingênua e sugestionável, dá pulinhos e pinta de cores o ar
Deixa-se capturar com facilidade, toda entregue, toda boba, toda vã
A tristeza olha com misto de admiração e previsibilidade aquele rebolar
Sabe das artimanhas da vida, ela sabe de cor, das coisas o nome
Penteia seus cabelos longos, respira profundamente e calma, espera
A alegria logo cansa, se entedia e some
A tristeza continua ali, perseverante, resoluta, sabida e vela
O fim, senhora que revela o fim.