segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

BigOde

Que sei eu de bigodes
Memórias de pelos, alinhados sob o nariz
Lembro do Dali, do Hittler e até do meu pai
Nada entre eles, nenhum outro ponto em comum
Sempre achei adorno de taxista, caminhoneiro, bicheiro
Preconceito, eu sei
Lembranças esquisitas, nunca gostei
Ou imaginei que me apaixonaria por um
Meio loiro, meio ruivo, com cheiro de tabaco
Escrevo isso rindo, parece um disparate
Parece não, é
E meu coração dispara, sinto-me quente, olhos úmidos
Emocionados de alegria
Tenho vivido dias assim, deslumbrada, sonhadora, imaginativa
E por isso, me autorizo essas palavras
Achei que iam rimar, me sinto poetisa
Me sinto
E sinto em mim a textura, a aspereza daqueles pelos tão masculinos
Que despertam em mim esse feminino, novo, inebriado e desejante
Um bigode e sou mulher
Quem diria.

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