segunda-feira, 2 de março de 2020

Inominável


E, desse amor, o que tenho pra dizer?
Palavras não dão conta, são poucas, rarefeitas silenciam diante do novo, da alegria desse encontro 
Acostumadas a repetir, a serem eloquentes diante da repetição, nas suas rezas viciadas, truques já descobertos 
Ah, essas palavras que pulam aos borbotões quando domesticadas, sem desejo ou entrega 
Agora, gaguejam, claudicam, titubeiam
Não sabem conjugar sujeito, verbo e objeto
Buscam nomes, apelidos, pronomes 
Não sabem nomear 
Não saem
Elas sofrem por não saber, mas sentem prazer
O prazer da descoberta diante da ausência das sentenças certas
Gozam com o estranho, com o lapso, com a falta
Sucintas, amam e ponto, final.

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