Desorientada, habitando corpo sacudido por turbulências, intensidades, veleidades. Assim tenho vivido. Há dias uma migrânea fez da minha têmpora esquerda morada. Lembrete insistente de minha distração inoportuna. A cada badalada pulsátil, nauseante, faz-me recordar da urgência da decisão que me espera. Tento ignora-las, a dor e a decisão pendente, mas essa outra que aqui reside, não desiste. Cansada, me entrego aos abalos eméticos, contraio não apenas o ventre, a língua e a boca se entregam ao movimento sísmico. Faço-me vulcão, transmuto-me em descarga desejosa de alivio. Este chega, por fim. E dura, para meu desespero, poucos minutos. Faz-se silêncio, tristeza, vazio. Anoitece em mim uma melancolia, úmida, cinzenta, fétida. Ferida com casca amolecida, dela faço distração. Choro um fado dissonante, bocejo e, então, entrego-me ao sono. Um dia a menos, coragem postergada.
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