Sim,
você sabe. Acordar e nada fazer sentido. O café de sempre, hoje com sabor
corrompido. O cabelo conhecido, transformado em peruca disforme. A calça que
ontem servia, decidida a apertar seu quadril enorme. O dia que nem deveria ter
começado. Eu disse, você o conhece bem. A dor do dedinho lesionado da
topada na quina, o vidro de açúcar arrombado no chão da cozinha, a cama
revirada no fim de um dia cansativo, a louça acumulada dentro da pia. Isso, a
ausência de sentido abrindo alas para a raiva crescente. O folgado que fura a
fila na sua frente, o taxista que corta sua frente, o flerte de outra na sua
frente, o ódio que corrói e a vida que exige que você siga em frente. Basta!
Olha nos meus olhos! Olha se você tem coragem! Brados e afrontas compõem canções
sem melodia, poesias sem rima. É dia de sacudir a poeira do inerte viver. Este
é o convite pouco lisonjeiro de um exigente crescer. É preciso se mexer!
Convoco almas mofadas, restos e sobras, toda ordem de sujeira e inadequação a
tomar um banho de sol. Arejados e ensolarados, assim sejam, os dias que virão.
nossa, adorei esse texto! Traduziu minha alma nesses quase 6 meses de inverno infernais...
ResponderExcluirQue jóia!! Fico bem feliz mesmo! É a(in)felicidade nas pequenas coisas...
ResponderExcluirFico boba de ver vc transformar em um texto lindo até aqueles dias em que a gente só tem vontade de pular num buraco!
ResponderExcluir:)
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