Relaxa, não estamos em
guerra. Isso, solta os ombros, respira um pouco mais profundo. Veja. O feio, o
mau e o errado não irão destruir você. Ah, de injustiças é feita a civilidade,
de malvadeza está cheia a cidade, tem razão. O coração dos homens há muito
ganhou membrana pétrea, um pericárdio áspero. Corpos cheios de membranas
endurecidas. Contratilidades restritas, respirações rasas, olhos míopes e
ouvidos hipoacúsicos. Como dizia o Rei, todos estão surdos. Concordo, estamos
perdendo a afetação do sensível. O mundo é hostil, a vida injusta e você
morrerá sozinho. Tá bem, é isso mesmo. Ainda assim, para quê servem essas
defesas? Aonde você vai com essa carranca tesa que não tira, nem no banho ou na
cama? Para quê esses punhos fechados, esses dentes cerrados e os sapatos
apertados? De onde vem o insulto que justifica o seu armamento pesado? A defesa
não é o melhor ataque. Fecha os olhos. Lembra a tranquilidade dos dias
iluminados, do afago morno deslizando nos cabelos, da bebida quente acariciando
as mucosas e confortando o estômago, do algodão macio e perfumado abraçando a
pele. Interrompe a corrida e percebe os pés tocando o chão suavemente. Sinta o
alívio dos músculos, a tez leve e o espreguiçar dos dedos. Pega um espelho e
encara a imagem refletida...O desejo narcisista caducou. A vida é mais. Medos
desnudados convidam encontros e entregas. A sensibilidade pode ser uma poderosa
arma de guerra.
Sensacionais teus escritos, Paulinha! Virei teu fã! Beijos.
ResponderExcluirQuerido! Muito obrigada, beijos
ResponderExcluirÉ triste quando a gente percebe que vai se dessensibilizando, mas nem por isso fica mais forte.
ResponderExcluirAinda bem que a sensibilidade do teu texto faz a gente acordar pra isso!
:)
ExcluirDescobri porque tu é contra medicamentos! Li e relaxei, a única coisa que me ocorreu! " Esquentar a água e sorver um mate em nossa homenagem'
ResponderExcluiruau! que efeito!
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